terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

PRÓXIMO POST.

Olá pessoal! Eu estou organizando a próxima história que vou lançar aqui no blog.  AGUARDEM!!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

LÁGRIMA DE CORDEIRO

  Quando a porta do quarto se abriu e a claridade que vinha da luz do corredor iluminou parcialmente o ambiente, ela vislumbrou a fisionomia do homem que vinha em sua direção. Ele tinha um olhar perdido, como se fitasse alguma coisa muito além dela, algo numa outra dimensão, um outro tempo. Ela se encolheu na cama numa tentativa de se proteger daquilo, de fugir daquela situação. O homem se aproximava com seu olhar sem vida, murmurando palavras que ela não estava conseguindo entender. Ele alcançou a cama. Ela tremeu e olhou para o celular ao seu lado. O homem chamava por um nome de mulher que não era o seu. Ela pegou o celular. Seus olhos infantis fitaram, atemorizados, aquele personagem que começava a puxar o lençol que a cobria.
  Então ela teclou um número.

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  - Não se preocupe querida! Tudo ficará bem. Você foi muito corajosa e eficiente ao telefonar pra mim.  Assim eu pude entrar em contato com a equipe do hospital, e eles chegaram a tempo de evitar algo grave. Pode ficar tranquila! Tudo ficará bem.

- Será mesmo, tio? - a menina não tirava os olhos do homem que estava numa espécie de camisa-de-força, sendo levado por dois sujeitos de jalecos brancos em direção a uma ambulância.

- Eu lhe garanto, Fernanda, tudo se resolverá de modo satisfatório!

Um homem que parecia o chefe da equipe aproximou-se da menina e do tio dela:

- Nós estamos indo. Assim que tudo estiver sob controle, entraremos em contato Sr. Nelson.

- Tudo bem! Nós estaremos ansiosos- respondeu o Sr. Nelson.

O homem se afastou. A menina não deixava de fitar o veículo branco. Então ela perguntou:

-  Por que ele ficou assim, tio?

- Porque ele nunca conseguiu supera a morte de sua mãe. Então ele passou a ver em você a própria esposa, ou seja, você passou a ser a personificação de sua própria mãe na mente perturbada dele.

- Eu não quero que nada de mal aconteça ao meu pai, tio. Eu não vou conseguir aguentar. Já basta a falta da minha mãe.

- Vai dar tudo certo. Brevemente ele estará novamente entre nós completamente lúcido. Essa equipe é muito boa, extremamente profissional. Ele será muito bem assistido.

- O senhor acha que ele ia me machucar lá no quarto? - Seus olhos adquiriram um tom de tristeza profunda.

-  Eu creio que não, mas de qualquer maneira, nós chegamos a tempo.
  Foram atraídos pelo barulho do motor da ambulãncia que logo a seguir deu a partida.

  A menina de olhos azuis, cabelos loiros e lisos que aparentava ter uns doze anos, conseguiu ler o letreiro na parte lateral do veículo.
  CENTRO DE RECUPERAÇÃO NEUROLÓGICA

  Uma lágrima brotou no canto do seu olho esquerdo.

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                                                                             JUCA CAVALCANTE

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

MEDO MORTAL - FINAL


  Notícia de canto de página de um jornal da cidade, dois dias depois do acontecido:

  " EMPREGADO DA PREFEITURA ENCONTRADO MORTO NA SAÍDA DO TRABALHO"
    " O funcionário da limpeza municipal Lourival Peçanha foi encontrafo morto com dosi tiros numa rua, perto do galpão onde ficam estacionados osc caminhões que fazem a coleta do lixo da cidade. Ele não tinha antecedentes criminais. A polícia concluiu que não foi latrocínio, pois seu matador( ou matadores) não levou nada de seus pertences. Os homens da lei acreditam em crime passional, afinal, segundo conhecidos, ele tinha fama de mulherengo. Um dos seus colegas de trabalho conseguiu ver a placa do carro que se afastou do local do crime. Brevemente a polícia chegará aos responsáveis pelo trágico fato."

  Leopoldo teve um estremecimento ao ler a última frase do texto.
  Logo, logo eles identificariam seu carro e chegariam até ele. Seria uma desgraça. Ele só havia tentado proteger sua família. Quando eles soubessem o que tinha feito será que o perdoariam? Tinha de fazer alguma coisa. Precisava tomar uma providência para preservar a família, e tinha de ser rápido. Nessa altura dos acontecimentos a polícia já devia saber de sua existência.
  Já sabia o que fazer.

                                                                           ***********

  Quando ele entrou na sala de  sua casa lá pela metade do dia,  seus familiares estavam reunidos, assistindo televisão. Ele ficou em pé com as mãos para trás olhando para eles.
  Sua mulher indagou:
  -  Algum problema, Leopoldo?  Por que você está com as mãos atrás das costas?
  = Eu vou fazer uma coisa que vai ser boa pra nós. Vocês vão compreender quando estivermos lá.
   O garoto e a garota olhavam-no curiosos e assustados.
   - Que conversa é essa, homem? Vamos para onde?  E tira essas mãos das costas!
   Ele retirou as mãos e mostrou a arma apontada na direção da mulher e da filha que sentavam juntas.
   O que aconteceu a seguir foi digno de um filme de Tarantino. A mulher jamais conseguiu identificar o olhar de seu marido, pois a arma começou a trabalhar e o aposento foi tomado pelo barulho dos tiros e pelo cheiro forte de pólvora.

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Notícia de meia página no jornal da cidade dois dias depois do acontecimento:

" HOMEM MATA A MULHER E OS FILHOS E A SEGUIR COMETE SUICÍDIO."

" Uma família foi encontrada morta na sala de sua casa na quarta- feira passada. A polícia concluiu , de acordo com o cenário visto no local, que o homem identificado como Leopoldo Serrano, atirou na mulher e nos filhos e a seguir deu um tiro na própria cabeça. A arma estava em sua mão direita. Segundo informações de um amigo da família, o indivíduo sofria de problemas neurológicos desde o dia em que, na firma onde trabalhara como segurança, ele atirou e matou um companheiro por engano, pensando que fosse um bandido. Ele também é suspeito da morte do empregado da prefeitura. Os vizinhos dizem que todos os mortos eram pessoas pacíficas e muito discretas, incluindo o matador."

                                                            ************


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MEDO MORTAL - PARTE 4

Aconteceu o mesmo que da outra vez.
A equipe entrou no galpão sumindo lá dentro junto com o veículo. Leopoldo ficou ansioso, esperando pela volta deles. Deu uma verificada na cintura para sentir a presença da arma. Olhou ao redor. Ninguém. Estava começando a escurecer. Ele estava encostado no carro tentando ficar o mais despojado possível. Então eles reapareceram. Vinham os quatro juntos. Um deles se despediu e tomou outro rumo. Os outros três foram juntos até certo trecho da rua. Teve um que olhou na sua direção. Virou o rosto pra evitar um possível reconhecimento. Foi aí que outro se separou do grupo fazendo gestos de despedida. Era seu alvo. Leopoldo esperou que a dulpa se afastasse bastante dele. O mulato virou numa rua transversal.
  Então ele entrou no carro, ligou e foi atrás. Ultrapassou o sujeito e atravessou o carro na sua frente. Saiu e contemplou o rosto assustado do seu pretenso oponente. Retirou com habilidade o revólver da cintura. Antes que pudesse falar qualquer coisa, o empregado da prefeitura quase gritou:
   -  Ei cara! qualé?  Eu tô vindo do trabalho, tô liso. Não adianta nada me assaltar.
   - Isso não é um assalto. É um acerto de contas. Não lembra de mim? - Leopoldo já apontava a arma na sua direção.
  - Não tô lembrado não. O que eu te devo?
  Leopoldo não se preocupou em verificar se havia sinceridade naquela declaração. Pra ele o sujeito era perigoso e ponto final, embora naquele momento não visse os traços ameaçadores que vira na outra ocasião, mas estava decidido a se livrar do problema e pronto.
 - Nossa questão é pessoal. Você ameaçou a mim e minha família, portanto eu  vou ter de me livrar de você.
  -  Que é isso, cara? Vamos conversar, a gente vai acabar se entendendo. Abaixa essa arma.
 - Nada disso.  O tempo é curto. Não dá mais pra conversar fiado. Você devia aprender a não ameaçar qualquer um que encontra pelo caminho. Eu preciso preservar minha família.
  Fez mira.
  - Ei! Não faz isso.  Esp...
  O primeiro tiro acertou o peito do infeliz, que foi jogado no canto da estrada.
  Quando o segundo tiro atingiu sua cabeça, ele já estava morto.

CONTINUA.



domingo, 13 de janeiro de 2013

MEDO MORTAL - PARTE 3


 Leopoldo havia trabalhado numa firma de segurança durante muito tempo. Na verdade se aposentara nessa firma por questões médicas. Entendia de armas. Possuía um trinta e oito que conseguira de um companheiro de trabalho, que por sua vez o havia obtido por meios un tanto obscuros. Leopoldo desconhecia esses meios, mas seu companheiro fizera uma boa oferta, então ele aceitou e até hoje o guardava numa caixa de madeira no fundo de seu armário. Com a caixa no colo e o revólver na mão direita, verificou o tambor, e com satisfação, constatou que estava totalmente carregado, deu uma girada com o indicador da mão esquerda e o encaixou novamente no lugar. Sua mulher havia saído e seus filhos estavam no colégio. Nenhum deles sabia da existência daquela arma. Ele tinha muito cuidado com isso.
  Agora o plano.
  O caminhão retornaria para o depósito lá pelas cinco horas da tarde. Ele estaria lá esperando pelo seu oponente. Sabia onde ficava o depósito, localizado nas imediações da cidade. Daria uma desculpa qualquer para a mulher e partiria no pálio com destino ao depósito.
 Às vinte para as cinco deu início ao plano.
 Chegou ao local  às quatro horas e cinquenta minutos. Estacionou o carro numa rua paralela ao depósito, na verdade um enorme galpão, e ficou posicionado para ter uma boa visão da chegada dos veículos. Estava uma tarde meio cinzenta, com um ventinho frio que prenunciava uma chuva.. O galpão ficava meio isolado da cidade e ao redor só existia uns dois bares e algumas  casas um tanto afastadas. Ninguém ia estranhar um carro parado ali naquele momento.
 Chegou o primeiro caminhão. Ele ficou atento. Não era  o que ele esperava. O enorme veículo sumiu no interior do estabelecimento. Algum tempo depois a equipe ressurgiu e se dividiu, dois foram para um lado e os outros dois foram cada um em outra direção.

E aí vinte minutos depois surgiu outro caminhão. Era ele. Leopoldo experimentou um friozinho na barriga. Estava chegando a hora do ajuste.

CONTINUA.

MEDO MORTAL - PARTE 2


Leopoldo ficou observando o caminhão se afastar, sem deixar de notar que o novato olhava em sua direção. Ficou preocupado. Tinha de fazer algo. A certeza de ameaça se configurara no pedido do sujeito. Se  não tivesse o que oferecer na próxima coleta, o mulato, certamente, faria alguma coisa com ele e talvez, até, com sua própria família. Nunca tinha visto o indivíduo na vida, e de repente ele lhe surgia com uma atitude assim, isso não era nada bom. Precisava preservar sua vida e a de seu pessoal, do jeito que as coisas andavam hoje em dia, tudo era possível. Lia no jornal, ouvia no rádio, via na televisão as notícias mais escabrosas, o perigo podia estar onde a pessoa menos esperava e muitas vezes ele vinha ao encontro do cidadão sem a menor cerimônia.
 O que fazer? Esperar pra ver ou se antecipar aos fatos? Tinha uma família, ela dependia dele. Uma mulher e um casal de filhos adolescentes. Precisava preservá-los a qualquer custo, pois certamente a ameaça se estendia até eles. Os olhos do mulato não deixavam dúvidas, ele iria cobrar sua dívida na visita seguinte. E aí?  A situação pedia uma providência urgente. Ele teria que  ser mais esperto que o famigerado, mesmo porque não tinha obrigação nenhuma de pagar refrigerante pra ninguém, eles já recebiam seus próprios salários, que comprassem suas necessidades sem ter que perturbar os contribuintes. A situação exigia uma ação precisa e definitiva, e ele executaria essa ação.
E já sabia o que fazer.

CONTINUA.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

MEDO MORTAL - PARTE 1


 O  caminhão do lixo surgiu na curva da estrada. Leopoldo entrou e foi lá no fundo do quintal pegar o cesto com o material pra ser recolhido. O pessoal estava vindo um pouco mais cedo, ele observou. Colocou o recipiente na beira da calçada e ficou esperando o veículo se aproximar, fez isso porque eles costumavam largar o objeto bem distante do lugar onde geralmente pegavam o dito cujo. O caminhão já estava bem próximo. Ele notou um integrante estranho na equipe Um mulato que aparentemente devia estar chegando aos trinta anos. O que teria havido com o outro empregado? Teria ficado doente? Leopoldo lembrava que ele, o tal empregado, já era jum senhor de idade mais ou menos avançada e sempre pensara, consigo mesmo, que aquele serviço era muito puxado para ele.

 O caminhão aproximou-se de sua calçada. Dois lixeiros vieram em sua direção. Um pegou o cesto com o lixo e o outro, o novato, lhe pediu um dinheiro pro refrigerante. Leopoldo viu algo estranho em seu olhar, ou pensou ver. Parecia um olhar ameaçador.
- No momento eu não tenho nenhum trocado - sua voz saiu meio vacilante e ele detestou isso.
- Espero que tenha algum da próxima vez. Eu sempre gosto de ganhar alguma coisa nos lugares em que trabalho - o estranho disse isso olhando diretamente nos olhos de Leopoldo.
 - Vou fazer o possível - agora sua voz saiu mecânica.
- Tomara que sim -  o mulato fez um gesto com o dedo indicador como quem dá um tiro em seu oponente, girou o corpo e saiu correndo atrás do caminhão tentando alcançar seus companheiros para continuar a coleta.
CONTINUA.