quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

VEM BRINCAR COMIGO - PARTE UM

VEM BRINCAR COMIGO
- Deixe de lado esse canivete um pouco e venha para a mesa lanchar, Argemiro.
- Tá bom, mãe! - respondeu um sujeito alto, aparentando uns trinta e poucos anos, mas com voz e trejeitos de um garoto de nove ou dez, ao mesmo tempo que enfiava um canivete automático em um dos bolsos do macacão jeans que estava trajando.
Sentando numa das cadeiras ao redor da mesa que continha café numa garrafa térmica estampada com personagens de revistas infantis, leite em pó, torradas e geléia, Argemiro, o sujeito de macacão, se dirigiu à mãe com uma voz hesitante.
- Mãe! - exclamou.
- Que foi, Argemiro? - a voz de sua mãe saiu com um falso rigor.
- Quando é que vou ter outra amiguinha pra brincar comigo?
- Não sei! - Desta vez a voz dela saiu realmente com uma certa agressividade - Você não sabe brincar. Vamos esperar para ver se aparece alguém. Caso isso não aconteça, pode ser que eu saia em campo e acabe encontrando uma amiguinha pra brincar contigo, e torcer para ela não ser muito medrosa. Mas você vai ter de aprender a se comportar e brincar direito com ela, senão vou acabar cansando dos seus excessos. Por enquanto vamos lanchar.
- Tá bom, mãe! - o sujeito pareceu sossegar , apalpando o canivete em seu bolso, com um ar de cachorro abandonado.

A tarde estava avançando. O relógio na parede marcava quatro e meia de um céu cinzento e clima frio.

Nesse instante a campainha soou, enchendo o ambiente com seu som desagradável.

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Continua

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