domingo, 23 de janeiro de 2011

VEM BRINCAR COMIGO - FINAL

- Não fique com medo. Eu só quero brincar com você. Minha mãe falou que você estava aqui na sala. Eu fiquei muito contente.
A garota estava apavorada. Seus olhos estavam arregalados.
Eu gosto muito de brincar de canivete. Olha só como eu faço.
E ele começou a manipular o canivete com a mão livre. A lâmina sumia e reaparecia. Isso parecia que o fascinava.
- Você quer tentar um pouco? - ele relaxou um pouco a pressão sobre sua boca . Ela lhe deu um empurrão e levantou-se, correndo para a porta. Mas foi inútil. Não conseguiu destrancá-la.
- Que bom! Você quer brincar de pega-pega. Eu gosto muito disso.
- Afaste-se de mim, seu maluco. Eu vou começar a gritar - sua voz não tinha a mínima segurança, mas o sujeito pareceu se apavorar.
-Não! não! Gritar não, eu fico com medo.
E com isso, ele começou a ficar descontrolado. Dominou ela , tapando-lhe a boca, e num ato contínuo, enterrou a lâmina em seu peito. Ela quase conseguiu gritar, mas de sua boca saiu apenas um arremedo de súplica. Seu corpo foi ficando mole nas mãos do sujeito. Ele a deitou no chão e gritou pela sua mãe.
A mulher reapareceu no cômodo e viu o que tinha acontecido. Falou em tom de repreensão para o filho:
- Mas já fez besteira, Argemiro? Não demorou quase nada para despachar essa também? Assim fica difícil. Temos que nos livrar dela logo. E vê se não me enche o saco, pelo menos por hoje, para arrumar alguém pra você brincar. Vai ficar sem café com leite durante um mês pra aprender a tomar juízo. vai ter de se virar, sem ninguém pra brincar , tá ouvindo? E agora me dá o canivete
, antes que eu te dê uma surra e talvez te cure de uma vez por todas. Antes de sumir pro seu quarto, traga o corpo de sua ex-amiguinha e coloque-a naquele compartimento junto com as outras quatro anteriores, depois eu dou um jeito de nos livrarmos delas de vez, por enquanto vamos fazer apenas isso. Pelo menos para alguma coisa você serve , meu grande garoto.
- Tá bom, mamãe - respondeu o grandalhão, fazendo aquele trejeito de criança dengosa.

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Enquanto isso, numa rua ao lado, Alba Maria fechava mais uma venda.
- Muito obrigada! A senhora não vai se arrepender. Qualquer coisa, tem meu telefone. Qualquer dúvida é só dar um toque. Eu vou estar sempre à disposição.
A senhora a olhou com um ar de muita simpatia e agradecimento.
Alba se dirigiu a uma próxima casa e apertou a campainha.

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Enquanto isso na casa fatal.
- Não é nem preciso verificar pra saber como ela está , pois pela sua expressão você a acertou num ponto fatal. Estou certa?
- é isso aí, mamãe. Errei o cálculo e o alvo novamente. Prometo que na próxima vai ser diferente. Tá bom, mamãe, tá bom? - sua ansiedade na voz era quase palpável.
- Se houver uma próxima vez. Vamos, no momento temos que tirar a moça da sala, coitada.
- Tá legal. Será que hoje posso ficar vendo televisão até tarde? Tem um filme legal que eu quero ver.
Vou pensar no seu caso - respondeu a mãe, fazendo pouco caso do pedido- Vamos lá, pegue o corpo.
O brutamontes ergueu o corpo da moça como se fosse de isopor, jogou-o por sobre o ombro direito s saiu na frente de sua mãe em direção à porta dos fundos. Atrás dele, a senhora o olhava e balançava a cabeça, como se quisesse dizer: Ai, ai! Esse aí não toma jeito mesmo. Quando será que ele vai crescer?

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