domingo, 16 de janeiro de 2011

VEM BRINCAR COMIGO - PARTE 2

Suas pernas já estavam doendo depois de quase um dia percorrendo ruas e casas em busca de clientes, mas ela ainda pretendia visitar, pelo menos, mais uma ou duas casas, antes de encerrar sua jornada de trabalho. O bom de trabalhar por conta própria era isso, poder fazer o próprio horário, sem ninguém para cobrar e monitorar possíveis atrasos e determinar locais e pessoas que deveriam ser visitadas. Alba resolvera ser representante de uma firma de produtos de beleza prevendo, ou tentando prever, todos os problemas que isso encerrava, como não ser bem recebida em algumas casas, ter de correr atrás de possíveis e certos maus pagadores, controlar isso do melhor modo, pois senão teria de arcar com os prejuízos, e o desgaste físico, afinal, por mais nova que fosse, perambular para lá e para cá, grande parte do dia, se tornava, no final das contas, algo extremamente torturante para o corpo, isso levando em conta que ela se dedicava à tarefa de forma implacável. Mas tinha de reconhecer que a coisa estava dando resultados positivos. Com o lucro que estava tendo, conseguia ajudar nas despesas de casa e ainda juntava um dinheirinho para o enxoval do casamento que se realizaria dentro de no máximo um ano, caso não houvesse qualquer imprevisto. Seu noivo, um corretor imobiliário em plena ascensão, falara com ela que estava ansioso para que esse dia chegasse logo, por ele casariam na semana seguinte, mas Alba lhe pedira que deixasse a ideia amadurecer de maneira espontânea, sem pressões que no futuro os levassem ao arrependimento. Ela sabia que seu noivo era uma pessoa de uma compreensão e generosidade sem igual, o cara perfeito com quem sempre sonhara encontrar. No momento tudo estava indo a contento. Aquele trabalho informal durante o dia e a faculdade de administração à noite. Tudo perfeito. Seu pai e sua mãe estavam muito contentes com ela, pois só arcavam, agora, com a despesa da instituição, no caso, para ser mais exato, seu pai é quem arcava, sua mãe só aplaudia.

Aos vinte e um anos, Alba Maria Vasconcelos se achava uma garota madura e responsável, pronta para os desafios que a vida certamente lhe apresentaria no decorrer de sua jovem existência.

A casa que ela resolveu visitar a seguir ficava no final da rua em que se encontrava, quase isolada das outras, possuía um muro alto, com portão de ferro que não deixava ver quase nada no seu interior, ao lado do mesmo, um pouco acima , mas o suficiente para ser alcançada, havia uma campainha, que Alba deu graças a Deus por existir, porque, em algumas casas não havia tal objeto, obrigando-a a bater palmas, tarefa que ela achava deveras desagradável. Então, sendo assim, levantou a mão e pressionou o aparelho, esperando que alguém respondesse ao chamado. Deu uns segundos de prazo, tornou a apertar, dando o mesmo espaço de tempo, já ia repetir o gesto, quando o portão se abriu e surgiu uma mulher que talvez tivesse uns sessenta e poucos anos, como Alba quis deduzir.

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Continua.

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