domingo, 20 de fevereiro de 2011

UM SOPRO DE ADOLESCÊNCIA - PARTE 3

- Bem lembrado, parceiro, e você há de concordar comigo, analisando agora o que ele fala pela nossa nova ótica, é tudo um amontoado de asneiras, não é verdade? Eu acho que nem as crianças atuais estão aceitando aquelas bobeiras todas, tá ligado? - o ruivo estava bem inspirado.
O moreno respondeu:
- Ligadissimo, parceiro! A parada é "sinistra", nós não somos mais crianças, estamos em processo de transição, esse é o lance, captou?
- Falou tudo. Mas deixando um pouco esse papo de lado e pegando o "gancho" da música, a "parada" é a seguinte, ontem mudando de canal, eu vi um comercial de um CD do Kenny G, "sinistro" cara, aí, tô querendo comprar esse CD, o que é você acha? "Saca" Kenny G?
- Acho "maneiro", aí, Kenny G é pedida "maneira". O cara é muito bom de sax, arrebenta geral. Eu li uma reportagem, certa vez, sobre ele numa revista, dizendo que numa cerimônia de entrega de prêmios, ele, depois de receber o seu prêmio, começou a se exibir para a platéia, que até chegou a encher o saco. Diz a reportagem que ele exagerou na exibição e o pessoal começou a achá-lo um tremendo de um chato, pois seu sax atigia notas irritantes. Mas isso foi só uma exibição de momento, nada que comprometesse seu trabalho como um todo.
- Interessante isso que você contou, bastante interessante. Todos nós temos essa necessidade de exibição, extravasar o que vai dentro da gente no momento, seja numa exibição musical ou num desabafo espontâneo que não conseguimos segurar, mesmo que esse desabafo seja de alegria ou raiva, não importa. Mas voltando ao Kenny G, aquela música dele que tem o nome de Songbird, aquilo é uma "viagem", fala a verdade, não é mesmo?
Seu sanduíche já estava a menos da metade, na verdade era para ter chegado ao fim, mas quando ele se estendia numa resposta ou pergunta mais longa, esquecia durante algum tempo seu acepipe.
- Bem lembrado - o moreno respondeu com entusiasmo - Muito bem lembrado, é uma viagem de primeira classe. Aquela outra, daquele filme com a Júlia Roberts, tá lembrado? Passou a semana retrasada na sessão da tarde, eu não gravei o nome, ou melhor, eu não sei dizer o nome, preciso me dedicar de corpo e alma a esse curso de inglês, pode levar fé, parceiro.
- Eu sei qual é, parceiro - disse o ruivo gordinho com ar professoral - Diyng Young, é esse o nome - Numa prónuncia perfeita - na verdade ele estourou mais por aqui, depois desse sucesso. O que essa música tocou nas rádios foi uma coisa "sinistra". O cara se fez, pode anotar aí. Eu tô a fim de comprar esse CD de coletânea dele, o problema vai ser conseguir a grana. Conseguir esse dinheiro do meu pai vai ser uma empreitada difìcil, tá ligado?
- Sem dúvida, brother, sem dúvida. Talvez sua mãe seja um recurso mais viável, não é não? Mãe sempre dá um jeito, sacou?
- Pode ser, pode ser. Vou ver quando chegar em casa.
- Ih, rapaz! Sabe que filme vai entrar em cartaz na semana que vem? Eu li no jornal a respeito, o novo filme do Quentin Tarantino. O nome é meio estranho, Kill Bill, eu acho. É sobre uma noiva que quer se vingar de um bandidão, doideira total, pode crer, vai ser o "bicho, os filmes desse cara são "sinistros", tá ligado?
- Bem lembrado, cara. O sujeito é o "bicho". Eu peguei três fitas dele o mês pasado, desde aquele dia que você me falou daquele que ele dirigiu, que no caso foi o segundo dele, no qual até o John Travolta trabalha: Tempo de Violência, tá lembrado?
- Claro! O filme é loucura total. Inclusive a carreira do John Travolta foi ressuscitada depois desse filme, tá ligado?
- É verdade. O sujeito disparou depois disso, fez filme atrás de filme. Uma coisa que eu achei interessante no primeiro filme do Tarantino, o Cães de Aluguel, foi aquela discussão da quadrilha naquele restaurante, antes do assalto à joalheria, sobre as músicas da Madonna, uma coisa totalmente atípica para pessoas prontas a efetuar um assalto. Eu achei totalmente original, uma viagem, pode crer.

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CONTINUA

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